AECCB: Projeto Marka acolheu mobilidade Erasmus em Portugal
17 / nov / 2022
No âmbito do Programa Erasmus + “Inovação e Inclusão na Construção de um Currículo Identitário”, o Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco (AECCB) organizou, entre 7 e 11 de novembro de 2022, um programa de aprendizagem, ensino e formação intitulado “Património Natural – Ciência e Arte na construção de um currículo identitário”, que contou com delegações de Itália, da Estónia, da Macedónia do Norte e de Chipre. Como sempre acontece desde o início da implementação do projeto Marka, as docentes Louise Lima e Daniela Ferreira, da Faculdade de Ciências da Educação e Psicologia, da Universidade do Porto, estiveram presentes e acompanharam o desenvolvimento das atividades, com vista à sua certificação científica e inclusão num guia metodológico. Recorde-se que o projeto Marka tem como base a participação das entidades locais nas dinâmicas da escola, no sentido de potenciar e diversificar o currículo nacional. No AECCB, o projeto desdobra-se em três vertentes - Surrealismo, Brasileiros de Torna-Viagem e Biodiversidade - e abrange todos os ciclos e níveis de ensino. A sua metodologia organiza-se em quatro desafios: I – trabalho com os parceiros; II – trabalho curricular em contexto de sala de aula; III – trabalho artístico; IV – apresentação do produto final. Os principais objetivos desta mobilidade foram os seguintes: conhecer os sistemas educativos e os contextos escolares de cada país; partilhar experiências de trabalho colaborativo, em resultado da implementação do projeto; promover o diálogo intercultural, através do uso da língua inglesa; sensibilizar para a preservação do património cultural, artístico e ambiental; e articular atividades para alunos de diferentes níveis e ciclos de ensino, com vista ao desenvolvimento do espírito e coesão de grupo, independentemente da sua origem geográfica. Por último e não menos importante: a discussão de temáticas da ordem do dia, nomeadamente, a sustentabilidade ambiental e a preservação do património, abordadas, ao mesmo tempo, com a partilha de problemas comuns e a perceção de diferentes sensibilidades entre professores e alunos, fazem parte do objetivo maior dos projetos Erasmus: o aprofundamento da cidadania europeia. Na sessão de abertura, após as palavras de boas-vindas do Diretor Carlos Teixeira, do Vereador do Pelouro da Educação e Ciência Augusto Lima e do Presidente da Associação de Estudantes Álvaro Castro, houve um momento musical interpretado pelo docente Rui Mesquita e pelas alunas Maria Gil e Teresa Moniz. De seguida, cada delegação mostrou o seu país, a sua escola e o trabalho desenvolvido no âmbito do Projeto Marka. Por fim, as docentes Hristina Kosovska e Louise Lima apresentaram o padlet criado para a mobilidade e explicaram as tarefas a desenvolver durante a semana. A manhã terminou com uma série de jogos de “quebra-gelo” entre os participantes, dinamizados pela animadora social Fátima Dias. Da parte da tarde, foi realizada uma visita às instalações da ES Camilo Castelo Branco, da EB2/3 Júlio Brandão e à EB1 Luís de Camões. Acompanhados por alunos das respetivas escolas, as delegações ficaram a conhecer a história do AECCB, assistiram, por breves momentos, a algumas atividades letivas e compreenderam o conceito de “agrupamento”. O dia seguinte foi dedicado aos oceanos. De manhã, após o encontro das delegações na Capela do Socorro, em Vila do Conde, onde foi feito o enquadramento das atividades e explicado a importância do mar na construção da identidade portuguesa, alunos e professores tiveram um encontro/entrevista, na Alfândega Régia, com um pescador reformado, que participou na pesca do bacalhau no Atlântico Norte. Depois da visita guiada ao local, foi realizado um passeio pela zona ribeirinha e pelo centro histórico. Infelizmente, devido às más condições atmosféricas, não foi possível visitar o interior da Nau Quinhentista. À tarde, guiados pela professora Marta Vida, o grupo participou numa caminhada no Parque Natural do Litoral Norte, desde Fão até aos passadiços da foz do rio Cávado, conheceu a fauna e flora locais, viu a agitação do Atlântico e observou os efeitos do recuo da linha da costa sobre a urbanização. De forma descontraída, o passeio marítimo permitiu, ainda, a recolha de lixo e a partilha de vivências profissionais e pessoais entre os participantes. Os dois dias seguintes foram dedicados ao património natural de Vila Nova de Famalicão. No primeiro, houve uma atividade planeada com um parceiro local, o Parque da Devesa. O biólogo Vasco Cruz preparou uma sessão de trabalho sobre o inseto barqueiro (Notonecta glauca), a espécie escolhida no ano letivo 2022/23, para ser estudada no âmbito do Marka -biodiversidade. À tarde, foram desenvolvidas diversas oficinas, para alunos de diferentes faixas etárias, com a colaboração dos professores António Varela, Fernanda Dias e Jorge Pimentel. No segundo dia, foi criado um objeto artístico com o lixo recolhido na praia de Fão. Sob supervisão dos docentes Anabela Garcia e Carlos de Castro, os alunos dos diferentes países recrearam o rosto do patrono da EB 2/3, Júlio Brandão. No final, o quadro foi exposto numa parede e, mais uma vez, foi feita a sensibilização para os efeitos do excesso de lixo e plástico nos oceanos. Antes do almoço, foi plantada uma romãzeira, símbolo da fertilidade agrícola do concelho e da união entre os parceiros e países do projeto Marka. À tarde, os professores e alunos visitaram as hortas urbanas, orientados pela engenheira Verónica Sousa. Foi explicado o funcionamento do espaço e foram dadas informações sobre diversas espécies vegetais, com destaque para as plantas aromáticas. A última tarefa escolar foi a realização de um kahoot sobre as atividades desenvolvidas ao longo da semana. O dia terminou com um churrasco na ES Camilo Castelo Branco, com um animado convívio entre as diferentes delegações e os docentes e discentes do AECCB que acompanharam as atividades semanais. Por fim, fez-se a entrega dos certificados e de pequenas lembranças elaboradas pelos alunos do AECCB. O último dia foi dedicado ao património cultural e ambiental da região. Nos Jardins do Palácio de Cristal, o grupo observou a biodiversidade existente e contemplou as vistas sobre a cidade invicta. Depois, partiu para o Largo Amor de Perdição, onde, nas imediações da antiga Cadeia da Relação, atual Centro Português de Fotografia, foi explicado o contexto da prisão de Camilo Castelo Branco, patrono do agrupamento, em consequência do “amor proibido” com Ana Plácido. Ainda nas proximidades, professores e alunos observaram um dos símbolos do Porto, a Torre dos Clérigos, viram os painéis de azulejos no exterior da Igreja do Carmo e passaram pela Livraria Lello, conhecida internacionalmente, devido às aventuras de Harry Potter. Após o almoço, o grupo apreciou os célebres azulejos históricos no átrio da Estação de S. Bento e os extraordinários salões do Palácio da Bolsa. A visita concluiu-se com o “Cruzeiro das 6 pontes”, no rio Douro. Depois de uma semana cinzenta e chuvosa, a presença do Sol e a beleza das zonas ribeirinhas do Porto e Gaia abrilhantaram o final de mais uma mobilidade Erasmus.
Por último, a equipa docente responsável pela organização queria deixar uma palavra de agradecimento a todos aqueles que disponibilizaram o seu tempo e colaboraram com entusiasmo nas diferentes atividades: professores e alunos do AECCB, Curso Profissional de Restauração da ESCCB, animadora social Fátima Dias, entidades locais (Parque da Devesa e Hortas Urbanas, em particular, ao biólogo Vasco Cruz e à engenheira Verónica Sousa), entidades regionais (Rede de Museus e Centro de Memória de Vila do Conde, Parque Natural Litoral Norte e Palácio da Bolsa), e empresas de transporte e alojamento (Tomáz do Douro Empreendimentos, B&B Hotel Famalicão e Auto-Delanense). Nem sempre é fácil organizar um conjunto de atividades que está regularmente sujeito a imprevistos e problemas de última hora. A compreensão e a boa vontade foram fundamentais para o sucesso desta mobilidade.