“Brincar é uma coisa séria! É a principal e mais significativa ocupação da criança. E ocupação não é passar o tempo, assim como brincar não é apenas uma distração! Ocupação é toda e qualquer atividade significativa para a pessoa e brincar é, e deve ser, intensamente significativo para a criança. E porquê brincar? Brincar é o motor da imaginação, do pensamento e da socialização, essencial para a construção da identidade e para a aquisição de competências necessárias para a vida adulta. Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico, com desafios relevantes para o brincar. O recreio, muitas vezes visto como apenas uma pausa, é, na verdade, um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento global da criança. A criança precisa de oportunidades de explorar o mundo por si mesma, de experimentar e aprender com os erros, de desenvolver a imaginação e a criatividade, e de simplesmente "ser criança". A ideia de que as crianças devem ser protegidas de todos os perigos é comum e bem-intencionada, mas é importante considerar as consequências inadvertidas de eliminar todos os riscos das experiências de brincar das crianças. O risco inerente que vem com a brincadeira é essencial para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças, bem-estar social e emocional, confiança, autoestima, resolução de problemas e gestão de riscos. Quando o tempo de brincar livre desaparece, desaparecem com ele oportunidades cruciais de aprendizagem. Quando a criança não brinca, podem surgir: • Dificuldades no equilíbrio; • Dificuldades na consciência do corpo; • Pouca criatividade; • Baixa autoestima; • Obesidade; • Alterações posturais; • Dificuldades em encontrar soluções para os problemas da vida; • Dificuldades na coordenação motora grossa; • Dificuldades na motricidade fina; • Má regulação do comportamento e das emoções; • Fraca autonomia; • Fracas competências sociais, etc. O Departamento de Educação Especial do Agrupamento de Escolas de Ribeirão tem trabalhado no sentido de trazer este tema para o centro da discussão. A infância pode ter mudado, mas a necessidade de brincar, explorar e interagir com o mundo ao redor continua a ser tão necessária quanto sempre foi.” Sara Silva, Terapeuta Ocupacional do Agrupamento de Escolas de Ribeirão